Segunda do Livro, por Mari Dourado: A Revolução Sexual Sobre Rodas, FABIANO PUHLMANN



O autor, com a intenção de diminuir o medo, a vergonha e o isolamento afetivo e sexual a que muitos deficientes físicos se condenam, esclarece neste livro as principais dúvidas sobre tratamentos, recursos e atitudes a serem mantidas para uma sexualidade livre e prazerosa depois da deficiência física. Tratando também da inclusão social, este livro ajuda o deficiente físico a resgatar a vida, a autonomia, o afeto e o erotismo esquecido.


Preço: R$ 21,90

Tetraplégicas redescobrem o prazer!

Como também sou noveleira de plantão... apesar de só assistir Viver a Vida, não poderia deixar de postar a noite linda vivida pela personagem de Aline Moraes, Luciana.  E porque não postar algo tão interessante como esta matéria da iG, do dia 22/01/2010.

 Espero que gostem!

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Como são as relações amorosas e o sexo na vida dessas mulheres que inspiram a personagem Luciana da novela “Viver a Vida”

Paula Balsinelli, iG São Paulo

Flávia Cintra, que ficou tetraplégica na adolescência, acha engraçado quando alguém pergunta o que fez para engravidar. Antes de responder “sexo”, com todas as letras, ela dá outra chance: "Você realmente quer que eu te conte?", brinca a jornalista e ex-modelo.
Mãe dos gêmeos Mateus e Mariana, 2 anos, Flávia perdeu o movimento total das pernas e parcial dos braços após um acidente de carro. Sua história inspira o roteiro de Luciana, personagem vivida por Alinne Moraes na novela global “Viver a Vida”. Na ficção, a jovem descobre que pessoas com deficiência física podem ter uma vida sexual prazerosa.
“Reencontrei o prazer depois que aceitei a minha 'nova versão'. Como o meu corpo mudou muito, tive que me dedicar a conhecê-lo bem para voltar a estar segura”, conta Flávia.



Foto: Daniel Pera
 Flávia Cintra com os gêmeos Mariana e Matheus, e ao lado da atriz Alinne Moraes

Existem diversos tipos de lesão medular, a gravidade é determinada pela altura da vértebra atingida e a intensidade. Mesmo em casos em que há perda total dos movimentos do pescoço para baixo, a função sexual não é anulada. “O prazer é diferente do experimentado antes da deficiência física, mas continua existindo”, explica a psicóloga e pesquisadora Ana Cláudia Bortolozzi Maia, autora do livro “Sexualidade e Deficiências” (Editora UNESP).



Foto: Mara Gabrilli (Arquivo Pessoal) 

Mara Gabrilli: "A essência não muda"


O caso da psicóloga e publicitária Mara Gabrilli comprova o estudo de Ana Cláudia. A falta de sensibilidade e movimentos não impediu que vivesse a sexualidade de forma plena. “Quando eu ainda estava na UTI, uma das coisas que mais ficou zoando na minha cabeça foi a questão sexual. Meu Deus, o que estava acontecendo com o meu corpo? Daí pedi para o meu namorado fazer uns carinhos em mim e percebi que eu ainda sentia tesão. Fiquei mais calma”, lembra.
Das primeiras carícias até a reconquista do prazer, Mara passou por diversas experiências. Explorar o corpo permitiu descobrir novas sensações na hora do sexo. “A forma de ter prazer mudou, mas a intensidade não. A essência da pessoa é a mesma independente da condição motora”, conta ela, que acaba de engatar um novo namoro, após sete anos de relacionamento estável.


O difícil recomeço e a escolha do parceiro
O psicoterapeuta tetraplégico Fabiano Puhlmann, autor do livro “A Revolução Sexual sobre Rodas” (Editora O Nome da Rosa), destaca que a redescoberta do corpo passa por um processo lento e, muitas vezes, doloroso. “Primeiro vem o luto, o desespero, a negação. Não é fácil. O cadeirante só reconquista a vida sexual depois que se aceita diante do espelho e eleva a autoestima”, diz.
Segundo Ana Cláudia Bortolozzi Maia, psicóloga e especialista em sexualidade humana, um companheiro maduro poderá contribuir muito para a recuperação da parceira. “Ela vai precisar de cuidados e atenção até conseguir decifrar o seu corpo novamente. Além disso, um homem carinhoso consegue controlar a intensidade dos seus movimentos na hora do sexo, e isso evita que a parceira se machuque”.



Foto: Divulgação/TV Globo


Na novela: “Foi diferente, mas foi muito bom”, diz Luciana sobre a primeira
transa após o acidente

Quando ele é tetraplégico

A ereção reflexa, que acontece por meio de manipulação do pênis ou regiões próximas, pode permanecer nos homens. Contudo, relatos de pacientes indicam dificuldade em mantê-la. Em alguns casos é possível restabelecer o controle e a sensibilidade após algum tempo, conforme afirma Fabiano Puhlmann: “Vai depender da altura da lesão, mas alguns homens conseguem desenvolver um bom controle”.
A falta de ereção também pode fazer parte do quadro médico do lesionado medular. “Nesse caso, o uso de medicamentos estimulantes pode resolver o problema”, diz o psicoterapeuta.
A ejaculação também pode ser dificultada, ou ocorrer de maneira retrógrada - quando o sêmen vai para a bexiga e é eliminado na urina. “Se esse homem quiser se pai, terá que fazer uma coleta de sêmen direcionada por especialistas e seguir os procedimentos normais de inseminação artificial.